O novo filme de Resident Evil 5: Retribuição (2012) tem mais seqüências de ação que todos os anteriores juntos, Milla Jovovich volta com tudo é verdade, mas eu tinha minhas dúvidas sobre a criatividade e inovação do diretor de Paul W.S. Anderson, já que ele não tem nenhum trabalho diferente do habitual "mundo game", para comprovar isso. Para mim ele era apenas um diretor malandro e antenado com o mundo dos games, mas hoje em dia nem isso. Num post anterior eu indaguei se o diretor tinha tanta história assim para contar sobre Resident Evil, e agora descobri. Há alguns spoilers no texto, então se você ainda não assistiu...
O filme consegue chegar ao seu quinto capítulo graças ao imenso carisma de Milla Jovovich, ela é uma "irmã" da galera, atende seus fãs, dá autografo, tira foto e tudo mais. Praticamente como se todos os fãs fossem da família dela. E parece que é nisso que o diretor se baseia para seguir com a franquia.
Existe muita discussão que os filmes não seguem o que acontece nos games, e sobre a personagem Alice. Se os filmes Resident Evil fossem seguir a risca o que acontece nos games, muito provavelmente não estaríamos vendo o quinto filme da saga, são universos diferentes, mas atualmente andam se completando. Tanto que os jogos Resident Evil passaram a ter mais ação graças aos filmes, e conseqüentemente os filmes buscam cenas nos games como referencia. Hoje um universo não vive sem o outro. Com 16 anos desde sua criação por Shinji Mikami, Resident Evil ganha mais um capítulo.
Eu como fã dos games e da franquia no cinema, fui assistir o filme com grandes expectativas, estava imaginando que o diretor tinha evoluído e amadurecido, e que realmente ele estava com muita vontade de transformar Resident Evil 5: Retribuição em um filmaço, diferente de tudo que já tínhamos visto, já que ele andou dando entrevistas que ia surpreender todos.
Puro engano, fui assistir o filme em 3D, imaginando que agora com mais experiência com o uso dessa técnica Paul W.S. Anderson tivesse criado algo novo, ao invés disso ele repetiu a cena com o lançamento do machado contra a platéia, como no filme anterior, sem o menor pudor de se auto plagiar. Neste filme ele também está abusando do uso de CGI mais do que nunca, certas cenas você vai acabar pensando "putz de novo isso?". Outro tiro no próprio pé, é o grande resumo que a personagem Alice faz no início do filme sobre tudo que aconteceu anteriormente, tudo bem que isso existia nos outros, mas aqui parece uma aula didática para pessoas leigas sobre a franquia.
As seqüências de ação estão no estilo "non stop", como foi prometido. Só que isso acaba tirando qualquer chance de um diálogo mais bacana, ou aquela frase de efeito que todo mundo gosta. O filme querendo ou não é um blockbuster, e são esses detalhes que acabam fazendo diferença. Falta ao diretor Paul W.S. Anderson assistir mais filmes de John Woo, para aprender alguma coisa sobre ação e tiroteios. O único momento que há uma boa sacada no filme é quando Alice (Milla Jovovich) e a personagem de Michelle Rodriguez (Rain Ocampo) se esbarram pela primeira vez. Onde Alice diz: "Você não é muito gentil...vejo que você não mudou muito"
O grande chamariz do filme realmente é a presença de Michelle Rodriguez, e é ela que garante os melhores combates. Realmente é muito bom ver Michelle "bad girl" quebrando ossos.
A coordenação de dublês e coreografias das lutas, ficaram a cargo de Nick Powell (A Identidade Bourne). Das duas uma, ou o diretor anda assistindo aos filmes de Tony Jaa ou seu coreografo de lutas anda fazendo isso. Porque algo que foi atualizado neste filme é o uso de cotoveladas e joelhadas. Ponto positivo neste quesito, mas o combate mais esperado da franquia entre Alice (Milla Jovovich) e Jill Valentine (Sienna Guillory), acabou sofrendo do mesmo mal de Batman vs Bane do diretor Christopher Nolan. Neste caso o uso excessivo de câmera lenta tornou a luta mediana. Engraçado como os combates mais esperados pelos fãs hoje em dia acabam se perdendo, seja pela pouca intimidade com cenas de luta no caso de Nolan, ou na tentativa de dar um tom artístico na cena, coisa que não é o forte de Paul W.S. Anderson.
O filme não é péssimo, mas decepciona. Parece um videoclip gigante com algumas cenas bacanas. Como fã da série fica claro que o desgaste é evidente, o uso de cenas clichês pelo diretor plagiando até outros filmes e as soluções banais como no caso do desfecho da personagem de Michelle Rodriguez, acabam causando um saldo extremamente negativo para o filme.
Quanto aos novos personagens algo que ficou realmente incrível foi a personificação da atriz Li BingBing como Ada Wong, trejeitos, postura e impostação de voz, como se tivesse saído do game direto para a tela.
O ator Johann Urb não tem carisma nenhum seu Leon S. Kennedy, não acrescenta nada ao filme, assim como Chris Redfield interpretado pelo ator Wentworth Miller no filme anterior, praticamente um desfile de cosplay cinematográfico. Finalmente um personagem completamente inútil e dispensável desde do filme anterior tem seu fim Luther West (Boris Kodjoe), essa sim é uma boa notícia. Você é fã do personagem Carlos Oliveira feito por Oded Fehr?. No meio de tantas cenas de ação você vai acabar nem notando ele. Cortesia do descontrole do diretor.
Novamente o diretor recorre ao recurso de deixar o filme sem final, e você acaba ficando com a sensação que está vendo um seriado em tela grande, já que parece que a franquia é sua única fonte de trabalho. Conclusão só no próximo filme, com a intenção de fazer o mesmo que fez Christopher Nolan e criar um final épico e grandioso para a franquia Resident Evil, espero que seja essa mesma a intenção. Já existem até rumores que o filme se passaria no Brasil.
O próprio Paul W.S. Anderson já deu algumas declarações, que seguiria com a franquia sem Milla Jovovich e que ainda teria muita história para contar, e que já estaria pensando em uma trilogia sem Milla. Espero que sejam só boatos, eu espero que ele pelo menos consiga encerrar a franquia de forma descente. Porque a galinha dos ovos de ouro da Capcom está em processo de decomposição se permanecer muito mais tempo nas mão de Paul W.S. Anderson. O primeiro filme Resident Evil (2002), conseguiu dar um novo gás aos filmes de zumbi, com ótimas idéias e cenas, em Resident Evil: Apocalipse (2004) novos personagens como Jill Valentine (SIENNA GUILLORY) e o Nemesis, fizeram a alegria dos fãs, em Resident Evil: Extinção (2007) foi um belo Mad Max com zumbis que funcionou. Mas depois a falta de rumo e idéias do diretor só pioraram a franquia.
Não é um filme péssimo graças a algumas cenas bacanas, e o saudosismo de trazer de volta Michelle Rodriguez, mas foi feito de forma tão desleixada, que até quem é fã precisa de uma dose extra de paciência. Se tivesse que dar uma nota seria 6.5, talvez quando for lançado em blu-ray com extras e tudo, funcione melhor. Não recomendo assistir esse filme no cinema, muito menos em 3D. Tenha cuidado com Paul W.S. Anderson, ele está infectado com o "las plagas".
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