Quando Bruce Lee elevou o nível dos filmes de artes marciais, e colocou essa forma de arte no seu devido lugar, transformou os rumos da história do cinema. Cada um dos artistas marciais que vieram depois acrescentaram seus toques pessoais. Jackie Chan adicionou suas acrobacias espetaculares e cenas extremamente perigosas e o famoso estilo bêbado em Drunken Master (1978). Jet Li levou o Wushu a velocidades incríveis, até atores que não conheciam Jet Li e tiveram contato com o ator disseram que, o que era visto na tela é real. Quem pode ver os documentários de Máquina Mortífera 4 (1998) e a entrevista da atriz Rene Russo falando que os socos de Jet Li realmente faziam aqueles barulhos no ar pode constatar. Atualmente Donnie Yen continua mantendo o alto nível das produções e a tradição do estilo Hong Kong.
Mas outros países vem ganhando cada vez mais espaço no gosto dos amantes dessa forma de arte em película. A indonésia com seu brutal The Raid: Redemption (2011) e a Tailândia apostando nos seus dois maiores astros Tony Jaa e na nova rainha das artes marciais Yanin "Jeeja" Vismitananda.
Raging Phoenix é o segundo filme de Jeeja Yanin, se no filme Chocolate (2008) ela era o personagem principal, neste o trabalho é dividido em equipe. O personagem principal fica a cargo do artista marcial Kazu Patrick Tang (Sanim) que já trabalhou com Jet Li no filme Cão de Briga (Unleashed, 2005). Não sei se apenas eu vi isso, mas quando olho para esse ator fico esperando ele gritar "Change Dragon", devido a sua semelhança com o ator da série Esquadrão Relâmpago Changeman.
Raging Phoenix não é dirigido pela nova referencia em termos de pancadaria Prachya Pinkaew que foi responsável por Ong Bak (2003), O Protetor (2005) e Chocolate (2008) ficando aqui creditado apenas como produtor. A direção ficou nas mãos do novato Rashane Limtrakul, talvez por isso o filme tenha tantos altos e baixos.
A começar pelo enredo surreal demais até para quem curte este gênero, a história gira em torno de uma quadrilha de seqüestradores, que seqüestram apenas mulheres que exalam uma fragrância distinta, extraem delas suas lágrimas para fabricação de um elixir que daria super força e rejuvenescimento para quem bebesse, valendo milhões no mercado negro.
Abrindo uma exceção para essa doideira, o filme funciona. Já que o roteiro poderia ter abordado apenas o tráfico de pessoas que soaria bem mais realista e daria outro tom ao filme.
Abrindo uma exceção para essa doideira, o filme funciona. Já que o roteiro poderia ter abordado apenas o tráfico de pessoas que soaria bem mais realista e daria outro tom ao filme.
Jeeja Yanin prova mais uma vez que além de lutar muito bem, consegue atuar de forma cômica ou dramática com a mesma desenvoltura. Transformado-se na maior heroína do cinema de ação da atualidade e com o merecido título de nova rainha das artes marciais. Neste filme sua personagem chamada (Deu), sim é esse nome mesmo, é baterista de uma banda que ao ver a traição de seu namorado parte para cima dele durante um show para tirar satisfação.
Com isso ela consegue perder o namorado e ainda ser expulsa da banda. Solitária e sem ninguém passa a beber até cair, num desses momentos, ela é seqüestrada pela quadrilha liderada por um capanga transexual. A maioria dos filmes da Tailândia tem um transexual no elenco, lembrando os filmes de Pedro Almodóvar que sempre recorriam as figuras exóticas urbanas. Seria interessante ver Almodóvar dirigindo um filme de artes marciais, seria bem melhor do que Keanu Reeves. Até mesmo nosso amigo balofão Steven Seagal já enfrentou um em Resgate sem Limites (2003).
Mas voltando ao nosso filme Jeeja Yanin (Deu) tem a tal "fragrância" e é salva por Sanin (Kazu Patrick Tang). Ela acaba conhecendo os companheiros de Sanin os hilariantes Pigshit (Nui Saendaeng), Dogshit (Sompong Lertwimonkaisom) e o soturno Bullshit (Boonprasayrit Salangam), que resolvem ensinar a menina seus estilos de lutar.
A profusão de estilos de lutas acaba criando coreografias inconstantes principalmente quando é usado break-dance como forma de luta, alguns golpes parecem sem impacto e suaves demais. Diferente do que aconteceu no filme A Lenda (Su Qi-Er / True Legend , 2009) que também usou street-dance, e se saiu muito melhor. Mas esse filme era dirigido pelo mestre supremo Yuen Woo Ping, então não dá para comparar.
Mas quando é usado Muay Thai a coisa muda de figura com movimentos bem letais e perigosos. Até uma arte chamada Meyraiyuth, é usada onde combina boxe bêbado (Momento Jackie Chan) com a Capoeira. E até mesmo movimentos de Parkour são usados . A Tailândia é adepta da escola Jackie Chan, contusões, ferimentos e cenas perigosas são recorrentes. Se Jackie Chan era criticado por colocar sua vida em risco e a de seus dublês, imagina como não é na Tailândia. E neste filme as referencias e cenas que lembram Jackie Chan são inúmeras.
Vale destacar que mesmo o diretor Rashane Limtrakul sendo novato, soube filmar as lutas de forma precisa, com bons enquadramentos. Imagine se esse filme fosse filmado por Michael Bay, Marc Forster ou Paul Greengrass e suas câmeras com mal de Parkinson?. Teríamos aberrações como nos filmes de Bourne e James Bond versão Daniel Craig. O diretor Rashane Limtrakul mesmo com pouca experiência consegue criar algumas cenas que fariam inveja a muito diretor de hollywood.
A cena de combate de Jeeja Yanin contra o personagem Bullshit tem uma fotografia belíssima, com cores vibrantes e saturadas com um cenário impressionante, a cena de luta é aquela onde você vai acabar apertando a tecla rewind de seu controle remoto para ver novamente.
Os momentos com uso de CGI não são dos melhores, parece que tem alguém na mesa de edição fanático pelos plug-ins da empresa Red Giant, não sei se foram exatamente esses que foram usados, mas aparenta muito.
O filme acaba se dividindo em dois momentos distintos, começa de forma cômica e depois entra nos dramas pessoais de cada personagem, causando esses altos e baixos também no roteiro. O clímax do filme se dá quando o grupo consegue localizar o esconderijo dos seqüestradores e encontrar a líder do grupo interpretada pela campeã de fisiculturismo tailandês Roongtawan Jindasing.
Aproveitado esse lado físico da vilã seus combates com Sanin (Kazu Patrick Tang) são bem coreografados, mas como ela não é uma lutadora o uso de dublês fica evidente. Até o "golpe dos Trapalhões", aquela famosa estrela que Didi e Dedé faziam em seus filmes tem seu momento. Será que os filmes dos Trapalhões estão circulando na Tailândia?. Não que esse golpe esteja cômico, aqui é usado para machucar mesmo. Estranho também é a vilã estar usando um tênis estilozinho "bamba calçados", não era melhor um coturno militar? Ela ficaria mais ameaçadora.
Os furos de roteiros ficam exagerados, já que até o badalado estilo bêbado e deixado de lado e o grupo está totalmente sóbrio.
Mas o que os fãs querem é Jeeja Yanin em ação. E no combate final ela faz valer o título do filme "phoenix furiosa", renascendo das cinzas e encarando a vilã no melhor estilo joelhadas e cotoveladas, e com um pouco do estilo bêbado, a fluidez de Jeeja nas cenas de lutas é incrível, dona de um chute veloz e muita elasticidade faz valer seu terceiro Dan em Taekwondo, aqui você nem precisará apertar a tecla de rewind do seu controle remoto para rever determinada cena, porque em alguns momentos o próprio diretor faz isso, parecendo que nem mesmos eles conseguem acreditar que filmaram uma cena tão foda de luta.
Sem falar que os fãs vão vibrar com o momento Rocky Balboa onde Jeeja leva golpes brutais de sua oponente e continua avançando. Esse pequenos detalhes fazem valer o filme, o desfecho não recorre aos finais previsíveis. Jeeja termina o filme toda suja, rasgada e sangrando no melhor estilo John McClane.
O filme pode ser inconstante, mas se você assim como eu adora ver Jeeja Yanin em ação e considera ela uma substituta a altura de Michelle Yeoh, o filme merece ser conferido. Jeeja não é apenas a versão feminina de Tony Jaa, seu estilo de luta evolui a cada filme. Eu aguardo com grande expectativa a participação de Jeeja no filme O Protetor 2 ao lado de Tony Jaa ainda mais dirigido por Prachya Pinkaew. Enquanto o filme não sai, confira Raging Phoenix, o estilo Muay Thai vem garantindo grandes filmes do gênero e com certeza na próxima vez que você jogar Street Fighter você vai acabar escolhendo o Sagat.
9 comentários:
Nossa amei sua sinopse e opinião do filme caranba bateu ate inveja..
vc escreve super bem deu para entender super bem o filme...ja que no maxprime o filme esta passando mas n tem nem sinopse e eu estava perdidinha da silva
brigadinho bye
Eu que te agradeço pelo elogio, isso me incentiva a escrever mais, obrigado pelo retorno, o filme tem esses altos e baixos mas vale muito a pena assisti-lo e vamos aguardar esse Protetor 2, que deve vir um espetáculo de pancadaria..rs
kara amei esse filme é muito bom mesmo! como faço pra comprar os dvds dos outros filmes aki em são paulo?
tem alguma previsão de quando os filmes dela vão chegar ao brasil?
amei esse filme e muito da hora,legal,otimo so que nao assistir esse filme vir so videos e muito bom, e os outros filme dela sao tambem otimo so assistir chocolate e espero que esse filmes chegar no brasil
O que a gente mais lê e escuta é "sem previsão para Brasil", mas os filmes são ótimos e mereciam uma edição nacional caprichada em bluray
Espero que saia logo e em portugues de preferencia;;;; Adoro essa garota..A Jeeja é incrivel..é a Bruce Lee feminina...
EUQUERIA SABER PORQUE ESSE FILME AINDA NÃO SAIU O AUDIO EM PORTUGUES ?
Onde assisto esse filme? Vcs assistiram por onde? Deveria falar onde assistir ou deixar o link de alg site, só fala que o filme foi bom( mas onde nós podemos assistir ele?
Postar um comentário