domingo, 22 de junho de 2014

Vingança Implacável (Born to Raise Hell, 2010) - Onde a máfia russa estiver Steven Seagal estará lá...

Posted by Cândido Augusto on 13:57


Inevitavelmente sempre somos pegos por algumas das "dezenas" de filmes que Steven Seagal anda fazendo que vão direto para DVD ou Blu-ray. Até quem gosta já desistiu a muito tempo de acompanhar a carreira de Seagal, já que a maioria desses filmes vem na base da quantidade em vez da qualidade. 

Em sua filmografia Steven Seagal conseguiu criar duas obras primas do cinema pancadaria e da violência em sua carreira: Marcado Para a Morte (Marked for Death, 1990) que dificilmente seria feito hoje em dia por causa da galera do politicamente correto e seu Fúria Mortal (Out for Justice, 1991), que no Brasil para alguns é "aquele filme que ele luta com o gordão". Esses dois filmes figuram tranquilamente como os melhores que Seagal já produziu até hoje. 

Seagal ganhou uma certa moral quando Anderson Silva acertou o famoso chute que nocauteou Vítor Belfort e atribuiu ao mestre Seagal a façanha. Poderia então Steven Seagal se tornar uma lenda assim como Chuck Norris?. 

Se houvesse um "Steven Seagal Facts", a lista de façanhas andaria meio negativa para o astro. Seagal sem cerimônia já fez um filme só de bandidagem chamado Senhor Do Crime (Force of Execution, 2013), onde explora pela enésima vez a discutida história que Seagal é ex-agente ou ex-consultor da CIA, mas dessa vez como um mafioso. Já teve a cara de pau de dizer "vamos ver" para um convite de se juntar ao elenco de Mercenários, mesmo assim trabalhou com uma das sobras de Mercenários, chamando Steve Austin para seu filme Condenação Máxima (Maximum Conviction, 2012). Já tentou até enfrentar vampiros no filme Escuridão Mortal (Against The Dark, 2009). Teve sua equipe processada por matar um cão durante uma cena do reality show "Steven Seagal: Lawman". Sem falar que a famosa mulher nota mil Kelly LeBrock prefere ouvir o nome do diabo menos o de Seagal e por aí vai. 


Assistindo Vingança Implacável (Born to Raise Hell, 2010) parece que Seagal quer se tornar uma lenda as avessas, ou melhor uma lenda do lado negro da força. Quando surgiram denuncias contra Seagal, que foi acusado pela ex-modelo Kayden Nguyen de tráfico de mulheres e abuso sexual, e que Seagal mantinha duas acompanhantes russas, que se revezavam para atender suas necessidades sexuais 24 horas por dia, sete dias por semana, parecia apenas que a ex-modelo queria aparecer. Só que assistindo esse filme você acaba ficando na dúvida, já que não é de hoje que Seagal anda flertando com a "Russian Mafia", principalmente incluindo nessa o filme Conduzido para Matar (Driven to Kill, 2009) que ele é advinha o que?....um ex-mafioso russo!!!. 

Em Vingança Implacável (Born to Raise Hell, 2010) Seagal é Bobby Samuels especialista que lidera uma força-tarefa IDTF (Força-Tarefa Internacional de Drogas) em Bucareste, Romênia. Já que após o 11 de Setembro, o governo dos Estados Unidos percebeu que os narcóticos foram responsáveis pelo financiamento da maioria das células terroristas. E a equipe liderada por Seagal se vê no meio de uma guerra de gangsters. 

O filme é escrito e produzido pelo próprio Steven Seagal, por isso você acaba desconfiando que as denuncias da ex-modelo Kayden Nguyen contra Seagal não sejam assim tão delirantes. Enquanto assistia o filme, eu jurava que a cena onde Seagal liga para uma garota, era apenas uma cena onde ele estaria falando com sua filha que não via a tempos. Engano meu, essa tal garota que aparenta ter seus 16 anos é a namorada de Seagal no filme!!!. Isso sem falar que ele leva a menina para a cama. A cena acaba sendo constrangedora e engraçada ao mesmo tempo, já que nessa cena Seagal parece ter usado dublê, de repente para não quebrar a cama, devido as toneladas que ganhou ao longo dos anos, até mesmo nessa cena Seagal não tira seu casaco preto, tornando a cena ainda mais uma vergonha alheia. 


E realmente esse filme é um desfile de mulheres semi nuas, que parecem saídas do catálogo da Victoria's Secret e outras da Evil Angel (!!), pode se dizer que existem mais mulheres nesse filme que nos últimos 3 filmes de James Bond (Era Daniel Craig). É um filme realmente para funcionar no mercado europeu, já que essa mulheres tem rosto perfeito mas corpo de grilo. Se Seagal é realmente esse taradão do leste europeu, imagina se ele visse as mulheres brasileiras. Infelizmente algo que não se confirmou foi um boato que Seagal e Anderson Silva iriam rodar um filme no Brasil, aí sim teriamos polemicas garantidas. A ala do politicamente correto pode até ficar chocada com a exploração sexual desse filme, e cenas gratuitas do nosso amigo balofão, mas quem já viu filmes como Kinjite - Desejos Proibidos (Kinjite: Forbidden Subjects, 1989) do saudoso Charles Bronson ou qualquer um da franquia "Desejo de Matar" vai até considerar Seagal um santo e realmente parece que alguns filmes de Seagal buscam inspiração na filmografia de Bronson, pode-se dizer que Seagal matem o espirito da era Golan-Globus e sua finada Cannon Films vivos. 

 Mas o filme Vingança Implacável (Born to Raise Hell, 2010), acaba se destacando de todos os filmes citados na matéria, a começar pela qualidade técnica. Claro que em certos momentos se vê que existe um diretor "video clipeiro" na produção, mas em comparação com outros filmes anteriores e até mesmo posteriores está acima da média. 

Bem filmado e bem editado, principalmente no que mais importa as cenas de luta. Passando bem longe daqueles cortes absurdos nas lutas que foram vistos até mesmo em filmes que foram para o cinema como A Força em Alerta 2 (Under Siege 2: Dark Territory , 1995) e O Homem das Sombras (The Glimmer Man, 1996) onde você não acredita que tal cena foi aprovada na sala de edição. Talvez Seagal seja tão fodão que ninguém teria coragem de chegar para ele e dizer: "Sr. Seagal vamos ter que repetir essa cena". 


 As cenas de luta realmente lembram os bons tempos de Marcado Para a Morte (Marked for Death, 1990) e Fúria Mortal (Out for Justice, 1991), muitos ossos quebrados com a adição de mandíbulas e dentes destrocados dão o ar nostalgia da coisa. Seagal parece que deu um pouco mais de atenção as cenas de lutas e usou menos dublês, sem falar do sarcasmo de ter colocado como vilão principal uma espécie de Van Damme cover o artista marcial Darren Shahlavi (Costel) que muitos devem lembrar dele pelo filme Ip Man 2 (2010). A luta final com Darren Shahlavi é uma das melhores já feitas por Seagal a tempos, bem editada suas torções e socos ainda são convincentes como nunca. A cena final temos até por alguns segundos uma referencia ao filme Scarface (1983) já que o vilão se tranca numa sala e espera Seagal se entupindo de cocaína, só faltando a famosa frase "say hello to my little friend", mas aí já seria muito descaramento. 


Falar de roteiro é exagero, quem vê um filme de Seagal já sabe o que esperar. Isso aqui é padrão Fif...ops, padrão Seagal de qualidade meu amigo!!!. Nosso velho amigo balofão continua o fodão de sempre, não leva uma porrada ao longo filme. Para não dizer que não acontece nada, Seagal leva um tiro no colete que praticamente ele nem sente. Em uma das cenas Seagal derruba uma porta de aço na base da escopeta, parecendo um exterminador do futuro, e se isso não for suficiente em uma apreensão de drogas, um dos bandidos tenta fugir de moto e Seagal derruba o infeliz. Qualquer semelhança com Comando Delta (The Delta Force, 1986) estrelado por Chuck Norris deve ser só coisidencia. 

Para completar ainda mais as desconfianças em cima de Seagal, o segundo vilão do filme é um mafioso russo old school, ao qual Seagal se une para buscar vingança, já que um de seus ajudantes foi morto por Costel. E para não dizer que Seagal não está espirituoso em um dos diálogos do filme um dos agentes chega para Seagal e diz: “Preciso lhe dizer algo” e Seagal responde: “O quanto me admira e o quanto quer ser como eu ?”. Ou mesmo o uso da palavra "boy" para terminar cada frase tipo: "Pareço a porra de um comediante, boy?". O que melhoraria ainda mais esse filme?.. só ficou faltando mesmo a trilha sonora da banda Motorhead tocando Born to Raise Hell. 

 Esse é aquele típico filme do Domingo Maior, em que você vai acabar se divertindo. Pode se falar tudo a respeito de Steven Seagal, mas uma coisa é certa nada derruba esse cara nem decadência, nem velhice, nem suas toneladas a mais, nem mesmo alguns de seus filmes tranqueiras!!. E por incrível que pareça ele mantem o politicamente incorreto como ninguém. Como ele mesmo disse em um de seus filmes: “Todo mundo quer ser o cara durão, mas ninguém quer pagar o preço disso”


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